Parece que o chão me engole devagar
Um frio sobe pelas costas, difícil explicar
(É o fim? Ou só o começo?)
[Verso 1
Parece que alguém tá me carregando perto do chão
Parece um sonho, uma ilusão
Meu sangue quente, mas não sinto dor
A mão dormente, perdeu até o suor
Os gritos tão longe, o som tá abafado
Um filme na mente, meu passado tatuado
Vejo a cena que eu nunca quis ser parte
Agora sou eu, entre a vida e o combate
Certo ou errado, quem define o que é viver?
Na selva de concreto, só tem um jeito de vencer
Minha mãe dizia: “meu filho, se cuida na rua”
Mas quem sobrevive sem a proteção da lua?
[Ponte
Será que o erro foi meu, ou da mão que puxou?
Será que o certo existe, ou só quem ficou?
Minha alma flutua, mas o peso é real
Aqui na periferia, o comum é fatal
[Refrão
(Clip, clap, bum!)
Cai mais um, o rapaz comum
Entre o certo e o errado, o destino é nenhum
Na selva predatória, só o fim me alcançou
O ciclo se repete, quem realmente ganhou?
[Verso 2
Vejo a minha mãe, joelhos no chão
As lágrimas dela me cortam mais que o chão
Ela rezava pra eu não ser mais um número
Agora é o meu nome que ecoa no murmúrio
Os manos tão lá fora, vivendo o mesmo dilema
Quem carrega a arma tá preso no esquema
Ouvia as promessas de um futuro melhor
Mas pra quem nasce aqui, isso é só um rumor
Vi meus filhos, meu legado interrompido
O olhar inocente, tentando entender o ocorrido
Queria voltar e ensinar o que eu não soube
Que a vida é foda, mas só o amor é que cobre
[Ponte
No silêncio eterno, eu vejo tão claro
Que o ciclo do ódio só deixa um legado
Será que fui vítima ou também culpado?
Minha escolha foi arma, agora tô sepultado
[Refrão
(Clip, clap, bum!)
Cai mais um, o rapaz comum
Entre o certo e o errado, o destino é nenhum
Na selva predatória, só o fim me alcançou
O ciclo se repete, quem realmente ganhou?
[Verso 3
DJ Sapão na batida, a mensagem é dura
O preto e o pobre sofrem na pele a estrutura
A morte não é final, mas o ciclo é um espelho
Na selva de concreto, quem paga o preço é sempre o mesmo
Agora só resta o silêncio e o pesar
O peso da consciência é o que vai me acompanhar
Fui o herdeiro de um sistema desigual
Na favela, o comum é ser o próximo jornal
[Refrão Final
(Clip, clap, bum!)
Cai mais um, o rapaz comum
Entre o certo e o errado, o destino é nenhum
Na selva predatória, só o fim me alcançou
O ciclo se repete, quem realmente ganhou?
(DJ SAPÃO ORIGINAL, O MAGO DOS BEATS!!!)